sexta-feira, 20 de abril de 2012

Pecado (Sin)

Ao contrário do que costumamos ver em filmes, o Diabo não gargalha, nem nos olha nos olhos. Ele não nos convence em um discurso torto com palavras ágeis.
 
Não.

O Diabo nos move em silêncio, com a indiferença dos que caminham em nossa frente e nunca ao nosso lado.

Fiz essas duas ilustrações há um tempo para concorrerem em um Salão. Graficamente, não gosto muito delas hoje em dia. Quanto ao conteúdo, não pude evitar as imagens pesadas ao pensar no tema proposto: PECADO. 



On the contrary of what we are used to see in movies, the devil doesn't laugh, nor looks us in the eyes. He doesn't persuade us in a crooked speech with agile words.

No.

The devil moves us in silence, with the indifference of those who walks in front of us, never by our side.

I made these two ilustrations some time ago to run in a saloon. In the graphic sense, I don't like them very much nowadays. As to the content, I could't avoid the heavy images when I thought of the suggested theme: SIN.






"Contrato Social". Técnica: crayon sobre kraft, nanquim sobre reciclato e jornal e digital
(“Social Contract” Technic: crayon over kraft paper, ink over recycled paper, newspaper and digital painting.)





"Retroceder Jamais". Título inspirado numa música de MV Bill. Técnica usada: nanquim e colorização digital
(“Never Retreat”. Title inspired in song by MV Bill.Technic: Ink and digital painting.)



quinta-feira, 5 de abril de 2012

No ônibus

Sobre criar....

Paredes.
Elas correm e desaparecem com desprendimento invejável.
Queria eu ser tão meu e não pertencer a todas elas.
Daquele banco em movimento deixo exalar toda minha essência para fora da janela.
Ela flutua
Expande-se.
Aos poucos vou abraçando toda a cidade
Posso sentir a aspereza dos muros,
O frio e o calor deles
Vejo o mar
Sinto mar.
O salitre preenche cada rua de meus pulmões.
Ruas em movimento, enquanto minha saudade se movimenta por todas elas.
Calçadas, casas, casos...
Busco o mar
Não me pertenço mais.
Sou as pessoas,
Passos,
Sou os apartamentos,
Lugares,
Meios ,
Centros,
Lados,
O lodo.
Na boca, o sabor da areia
Do picolé
Das crianças pegando jacaré.
Definitivamente não pertenço a mim.
Posso ser tudo.
Trago o mundo para dentro de meu peito
E jorro para fora todo o vento que lambe a casca mundana.
Meu olho é o sol.
Ao alcance de minha consciência, tudo pode ser visto.
Em um segundo, milhões de vidas se acendem para mim.
Bilhões de vozes.
Gestos
Jeitos.
Pessoas.
Trilhões de histórias.
O mundo sou eu.



Sentado, naquele banco de ônibus
Com um caderninho amarelo apoiado sobre minhas coxas,
Respiro fundo.
Escolho alguém.
Desenho um rosto.














 
Licença Creative Commons
Este trabalho de P. Torinno, foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - NãoComercial - SemDerivados 3.0 Não Adaptada.