Paredes.
Elas correm e desaparecem com desprendimento invejável.
Queria eu ser tão meu e não pertencer a todas elas.
Daquele banco em movimento deixo exalar toda minha essência para fora da janela.
Ela flutua
Expande-se.
Aos poucos vou abraçando toda a cidade
Posso sentir a aspereza dos muros,
O frio e o calor deles
Vejo o mar
Sinto mar.
O salitre preenche cada rua de meus pulmões.
Ruas em movimento, enquanto minha saudade se movimenta por todas elas.
Calçadas, casas, casos...
Busco o mar
Não me pertenço mais.
Sou as pessoas,
Passos,
Sou os apartamentos,
Lugares,
Meios ,
Centros,
Lados,
O lodo.
Na boca, o sabor da areia
Do picolé
Das crianças pegando jacaré.
Definitivamente não pertenço a mim.
Posso ser tudo.
Trago o mundo para dentro de meu peito
E jorro para fora todo o vento que lambe a casca mundana.
Meu olho é o sol.
Ao alcance de minha consciência, tudo pode ser visto.
Em um segundo, milhões de vidas se acendem para mim.
Bilhões de vozes.
Gestos
Jeitos.
Pessoas.
Trilhões de histórias.
O mundo sou eu.
Sentado, naquele banco de ônibus
Com um caderninho amarelo apoiado sobre minhas coxas,
Respiro fundo.
Escolho alguém.
MUITO BOM cara! Muito mesmo! viajei na mesma onda que você!
ResponderExcluirObrigado Davi!
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