Desde minha infância na Boca do Rio que conheço Edilton.
Para ser sincero, ele não sabe, mas era uma das minhas
referências quando pequeno.
Queria ser aceito por ele, o irmão dele, Éder, e o meu irmão.
Todos mandavam muito bem na arte.
Juntos formavam um grupo de desenhistas adolescentes,
vizinhos. Eram sonhadores. Para eles Marvel e DC eram o céu. Roger Cruz, Madureira, enfim. Amavam muito quadrinhos (na época em que X-men custava
dois e cinqüenta (se não me engano, rs). Se fechava com meu irmão em seu grupo
de desenho. Talvez fosse minha pouca habilidade, ou até mesmo minha pouca idade
na época (meu irmão é sete anos mais velho que eu), mas não deixavam eu
participar. Rs.
Vida louca...
Amavam quadrinhos:
meu irmão, Éder, e Edilton.
Engraçado lembrar o passado agora...
Tudo parecia melhor...
Talvez tenha sido mesmo, né?
Não. Talvez esse
saudosismo seja o medo do futuro. Medo esse que nos faz recuar para trás, onde
foi tudo estável, seguro,... “leve”.
...
Bom, muito tempo passou. Muita coisa mudou. Muitos sonhos
foram varridos, lágrimas, experiências, distância, contatos se perderam, enfim,
muita coisa aconteceu mesmo.
Hoje virei desenhista.
Meu irmão há tempos largou o quadrinho, trabalha com
programação visual.
Éder, o irmão de Edilton, foi obrigado a abandonar o desenho
quando perdeu a visão por conta da diabetes, pouco antes de partir... o mais
habilidoso dos três desenhistas daquele grupo sonhador... hoje que Deus o
tenha...
Escrevo isso com olhos em água...
...
..
.
Vida efêmera...
Talvez de todos, o único que ainda desenhe seja eu... que nem pertencia ao grupo.
No tempo em que amigos de rua se perderam e se foram, meu
amigo, Edilton se encontrou.
Hoje, se tornou o MC Verídico.
Prestes a gravar seu primeiro CD.
E é sobre a arte dele que vou falar agora.
Bom, Veridico me
perguntou se poderia fazer a arte. Era meu antigo amigo. Amo o rap também. Claro.
Aceitei.
Tive toda liberdade para criar e buscar uma identidade. Seja
na cor, na forma, etc. Pus muito de mim nesse trabalho. Apesar de simples
esteticamente é muito incomum para o cenário do Rap. Espero que essa pequena
inovação funcione. Carrega muito da estética do quadrinho e muito do nosso
passado.
Posso resumir esse trabalho com algumas palavras chaves: rua; cidade (prédios); vítimas (representada por crianças de rua, que sempre serão vítimas sociais, uma vez que desde seu
primeiro passo são passivas do mundo) e reação
(voz, rap, representado pelo megafone).
Arte
da capa. A estética noturna reforça o lúdico à medida que estampa o
título do álbum
“Vamo Além” na lua. Fica como um foco, um objetivo, ou
até mesmo, um convite
para chegar lá. Vamo além? É possível tocar a lua.
Arte
do miolo da capa do CD. Por trás do prédio em primeiro plano, sai o CD, em forma de lua.
(clique para ampliar)
Arte do fundo. Verídico, o próprio
Verídico (links):
Vendas e beats:
A vida é assim. Tudo passa e bola pra frente. O importante é sempre aprender com o que passou. Mas deixando a filosofia de lado temos uma boa arte bem ao estilo Torinno e, por que não, ao estilo Verídico. Escutei a faixa "Vamo Além" no soundcloud e a impressão que tive é que a musica e o desenho tem muito a ver. É claro que o post explica muita coisa no que se refere as representações, mas essa convergência me parece mais profunda. Talvez a história que Verídico e Torinno tem como amigos explique. Com "nossa mente cheia de inspiração" VAMO ALÉM.
ResponderExcluirentão é assim, é assim que é!!!!!
ResponderExcluirVAMO ALÉM!
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