O Grande (The Great)

Há um tempo escrevia um projeto de livro. Comecei no terceiro ano do colegial. O nome: “Ruggly, o grande”. Atmosfera medieval fantasiosa. Amava isso. Contava a história de um garotinho depressivo e seu amigo gigante, o Ruggly.

Construí as duas personagens enfatizando o psicológico e a ingenuidade diante do mundo a ser descoberto. Mundo esse que, confesso, esculpia na hora ao alcance da vista do eu - lírico do livro. No caso, o garotinho.

Comecei a escrever numa fase ruim de minha vida. Fazia isso como quem tenta transformar o monitor num portal para outro mundo. Ao meu redor as luzes se apagavam, a minha frente um redemoinho luminoso se acendia. Girava. O tempo passava. De repente perdia a consciência do que sou. Primeiro esquecia das horas, da data, depois, da sede, da fome, dos problemas. Já não era mais eu. Me tornava o movimento das folhas, as aranhas, a terra, a umidade, me tornava Ruggly, Doritéia, o que eu quisesse ser.

Escrevo mal. Cheio de erros(fato). Escrevia ainda pior naquela época.

Mas mesmo assim, amava.

Tinha descoberto que escrever é mais que uma terapia. É todo poder que um homem sonha ter. O poder de moldar corpos, histórias, de inundar mares, puxar montanhas, cavar vales e criar construções faraônicas. O poder de dar um final ou um início a algo. Quando se escreve, não existe tempo e espaço real.

Só você,

sua vontade

e nenhum limite.

Abaixo, uma pintura digital em desenvolvimento, construída em cima de um desenho a lápis. O homem retratado chama-se Orion Grotto, gigante pai do Ruggly frente ao seu exército. É uma ilustração digital relativamente antiga.

The Great

Some time ago, I was writing a project of a book. I began in senior high school. It was called: “Ruggly, the great”. Medieval fantasy atmosphere. I loved that. It was the story of a depressive little boy and his giant friend, Ruggly.

I built the two characters focusing the psychological and the ingenuity before the world to be discovered. World that I, I confess, was building at the momente at the sight of the speaker. In this case, the little boy.

I began to write in a dark phase of my life. I did this as someone who tries to change the monitor into a gate to another world. Around me the lights were turning off, before me a whirlwind of light would turn on. It spinned. The time was passing. Suddenly, I would loose the conscience of who I was. First, I would forget of the hours, the date, and then, of the thirst, the hunger, the problems. It wasn't me anymore. I became the movement of the leaves, the spiders, the ground, the moist, I became Ruggly, Doriteia, what I wanted to be.

I don't write well. Full of mistakes (fact). I used to write worst back then.

But, even though, I loved it.

I found out that writing is more than a therapy. It's all the power that a man dream of posessing. The power to create bodies, stories, to flood the seas, pull mountains, dig valleys and create pharaonic buildings. The power of giving an end or a start to something. When you write, there's no real time and space.

Just you,

your will, 

and no limits.

Below, a unfinished digital painting, made over a pencil drawing. The portraited man is called Orion Grotto, a giant that is the father of Ruggly in front of his army. It is a relatively old digital illustration.

 

 

Ilustração inacabada (Unfinished illustration)

Close-up